Durante o julgamento de Alison José Bezerra da Silva, acusado de matar a esposa, a advogada Maria Aparecida da Silva Bezerra, a facadas em julho de 2022, no bairro do Antares, parte alta de Maceió, a irmã da vítima, Cleonice das Dores Silva, prestou depoimento como declarante e disse que ninguém da família frequentava a casa dela porque ele impedia. A advogada era monitorada o tempo todo e vivia sob as lentes de câmeras de monitoramento instaladas em casa e no escritório, além de ter o carro rastreado. No dia do crime, porém, ele deixou todas as câmeras ligadas, menos a da cozinha, onde cometeu o crime.
“Desde o início, ele era violento e ela chegou a ligar pra mim pedindo oração porque estava vivendo um processo conturbado. Os filhos dela eram, inclusive, proibidos de ficar perto da família. Ele chegou a colocar câmeras até no escritório dela para ouvir as conversas de Aparecida com os clientes”, afirmou.
Cleonice contou que, três dias antes de ser assassinada, Aparecida fugiu e conseguiu ir à sua casa, com os olhos inchados, mas ao ser questionada, silenciou. Disse também que a sobrinha, filha da vítima, dizia à mãe que o relacionamento era tóxico, que ele pegava a faca várias vezes e, numa das vezes, o menino de 12 anos correu e se abraçou com a irmã pedindo para orarem juntos porque o pai estava com a faca e ia matar a mãe deles.
“Os filhos não gostavam dele porque eram acostumados a ouvi-lo chamando Aparecida de vagabunda e outros adjetivos que desqualificam”, afirmou a irmã da vítima.
Ainda durante o relato, Cleonice contou que até a cuidadora da mãe, que morava no andar de baixo, era proibida por Alison de subir as escadas até a casa de Maria Aparecida. “Para ela ir até a minha casa, tinha que deixar o carro em um local distante, para ele não saber, porque até o carro era rastreado. Aparecida confessou que estava com medo de ser assassinada porque, segundo ela, ele estava mais violento”, disse.
No total eles viveram juntos por 17 anos, apesar de terem casado em 2015. Quando questionada o porquê de Maria Aparecida ter mantido o relacionamento, apesar de toda a violência à qual era submetida, Cleonice falou que isso aconteceu por causa da dependência emocional e também das ameaças que ele fazia.
“Ele sabia que ela o amava muito e se aproveitava para chantagear. Ele tinha a mania de ligar por chamada de vídeo a todo momento para rastreá-la. Há cinco anos, eu não frequentava a casa deles, pois tinha descoberto que ele tinha outro relacionamento e preferi não falar para Aparecida. Eu acredito que ela morreu sem ter certeza, mas teria tido acesso a áudios dele para uma mulher falando que eles iriam ficar juntos. Ela colocou os áudios na caixa de som e ele ficou indignado e, por isso, ela foi agredida”, contou.
Maria Aparecida foi assassinada a facadas em julho de 2022, no bairro do Antares, parte alta de Maceió. Nesta terça-feira (6), Alison José Bezerra da Silva está sendo julgado pelo crime.