A Polícia Civil de Goiás (PCGO) investiga um caso de injúria envolvendo colaboradores de uma rádio de Formosa (GO). Na última terça-feira (18/11), um radialista xingou uma colega de profissão em grupos de WhatsApp e chegou a fazer ofensas racistas contra a mulher.
O suspeito é Breno Marcelino Ferreira, de codinome Breno Berlutinny. Entre diversos ataques de baixo calão, o homem ataca a vítima chamando-a de “babuína”, fazendo um trocadilho racista com o sobrenome dela. “E pode chorar, ‘Clícia Babuína’. Chora, ‘Clícia Babuína'”, grita o autor em uma das mensagens de voz obtidas pelo Metrópoles.
A vítima se chama Clícia Balbino. Ela registrou boletim de ocorrência relatando o caso na última terça-feira (18/11), mesma data das ofensas. Na denúncia, à qual o Metrópoles teve acesso, a repórter conta que Breno proferiu uma série de ataques contra ela, com frases como: “Você não tem coragem de levantar esse seu rabo gordo para fazer as coisas” e “Se manca, clandestina”.
Os áudios a seguir reiteram a denúncia de Clícia. Neles, o suspeito xinga a vítima de “vagabunda” repetidas vezes e busca desmoralizá-la com termos como “Fiona do Rádio”, “Clandestina”, “Fátima Bernardes da Shopee”.
O contexto dessas ofensas envolve o atendimento a um homem que estava internado no Hospital Estadual de Formosa Dr. César Saad Fayad, na semana passada. Esse paciente precisava ser transferido a uma unidade de saúde em Goiânia (GO) para fazer procedimento de cateterismo, e a unidade de saúde teria se negado a transportá-lo.
Foi nesse ponto que Clícia e Breno teriam entrado em conflito quanto às informações. Enquanto o homem afirmava que o hospital se negava a transferir o paciente mesmo com ambulâncias no pátio, a mulher teria apurado que a responsabilidade de transportá-lo seria do Estado.
“O âncora do programa me mandou ir no hospital checar a situação das ambulâncias, se tinha ambulância ou não. Lá, eu verifiquei que havia ambulância, mas como o hospital era estadual, não cabe ao Samu fazer transporte. Foi daí que ele [o Breno] começou a me xingar”, conta Clícia.
A mulher alega, no entanto, que o episódio teria sido apenas um pretexto. Ela conta que vem sendo perseguida há cerca de três meses, graças a uma desavença que Breno tem com a mãe dela, uma ex-policial militar de Formosa.
“Ele e a minha mãe se conhecem há algum tempo e têm uma desavença, mas são questões deles dois. Ele tem esse problema com minha mãe e me ataca usando isso”, afirma a repórter.
Emocionada, Clícia demonstra revolta e tristeza com a situação. “Não sei mais que atitude eu tenho que tomar. Estou em tempos de dar um ‘treco’, passar mal. Só em falar no nome dele eu fico nervosa”, afirma a repórter.
“Há dias em que eu não consigo trabalhar, fico muito para baixo, depressiva. Ser chamada de macaca, de vagabunda, de gorda, para todo mundo ver, é muito triste, sabe?! Eu não estou aguentando mais”, diz, aos prantos.
Clícia diz que relatou a situação à direção da rádio. “Já levei o caso para o dono e para a diretoria. Eles mandam eu sair dos grupos e ficar calada”, acusa.
O que dizem os envolvidos
Procurado, Breno não respondeu à reportagem sobre as ofensas proferidas contra a colega de trabalho, mas aproveitou o espaço para novos ataques. “Ela não é esse doce que está parecendo aí para vocês. A cidade aqui já sabe quem eu sou e exatamente o perfil de quem me acusa”, declarou.
O Metrópoles procurou o Hospital Estadual de Formosa Dr. César Saad Fayad para que a unidade explique a dinâmica envolvendo o paciente que acabou desencadeando a última discussão entre Breno e Clícia. O espaço está aberto para manifestações.