A Polícia Civil de Alagoas abriu um inquérito para investigar um golpe na venda de abadás de blocos de Carnaval em Maceió. Nesta sexta-feira (07) foram noemados os delegados João Marcello e Igor Diego para a condução da investigação, que apura mais de 20 boletins de ocorrência registrados contra uma promotora de eventos que atuava na capital.
As informações iniciais dão conta de que as vítimas que registraram Boletim de Ocorrência são de Maceió, no entanto, podem existir outras de Recife (PE) e Salvador (BA), uma vez que a suspeita também vendia ingressos para eventos nestes locais. O delegado Igor Diego ressaltou que, no caso do crime de estelionato, a polícia contabiliza apenas as vítimas que foram à delegacia para representar contra o estelionatário em questão, ou seja, publicações em redes sociais não contam como denúncia.
O delegado João Marcello informou que as vítimas serão intimadas a depor já a partir da próxima segunda-feira (10).
Como acontecia o golpe
Segundo a polícia, os abadás eram vendidos a preço abaixo do mercado, e não eram entregues. A promotora de eventos usava uma máquina de cartão, registrada no nome da sobrinha, e também teria uma empresa.
Os registros de valores repassados a ela mostram pagamentos de R$700, R$800 e até depósitos de R$3 mil. “Vamos apurar todas as circunstâncias, mas só com as denúncias de todas as vítimas vamos saber o valor real do golpe e a verdadeira quantidade de vítimas. Por isso é importante a confecção do BO, para que a gente possa, posteriormente, ressarcir estas quantias por meio do patrimônio da autora do crime”, ressaltou Igor Diego.
Os fatos ocorreram na última semana, quando uma das vítimas usou o perfil no Instagram para denunciar a promotora. No vídeo, o homem conta que ela chegou a combinar a entrega do abadá na casa dela e chamou ele e outras pessoas para buscar no local. Entretanto, ao chegar lá, a encontrou desmaiada, após injerir um inseticida.
Vítima teve prejuízo de R$45 mil
Uma das vítimas que procuraram a polícia e fizeram Boletim de Ocorrência conversou com o TNH1 e pediu para não ser identificada. Ela conta que adquiriu, junto à promotora de eventos, 40 abadás para camarotes do carnaval em Recife e Olinda para um grupo de amigos, desde o mês de janeiro, mas não recebeu nem voucher, nem camisetas.
"Eu a conheço desde 2023, já tinha comprado outros eventos a ela e deu certo. Conheço outras pessoas também que compraram e nunca tiveram problema. Ela sempre teve boa fé, todos os eventos que ela nos ofereceu, ela entregou. Ela tinha o benefício da fé pública, só que dessa vez começou a mentir de uma forma que nunca mentiu antes. Cheguei a ir na casa dela na quinta-feira à noite, antes do Carnaval, muito angustiado, totalmente abalado já porque não tinha recebido as 40 camisas que comprei. Ela passou o endereço da casa dela e fomos lá. Tinham mais pessoas também. E ela começou a relatar que o despachante estava em um lugar, depois estava em outro e nada. Na sexta de Carnaval, às 6h30 da manhã fui novamente à casa dela, porque ela pediu, e quando chegamos à casa dela, presenciamos um tentativa de suicídio, ou tentativa dela de sair do flagrante, não sei", contou. O prejuízo teria sido na ordem de R$ 45 mil.
Defesa da suspeita: "intenção é de devolver dinheiro'
O advogado de defesa da promotora, Carlos Eduardo Carvalho, disse que a intenção da suspeita é devolver todos os valores a quem, efetivamente, é devido. Ele ressalta, ainda, que houve falha de terceiros.
"Não se objetiva ficar com a quantia devida às pessoas, houve falha por parte de terceiros que não realizaram a entrega dos abadás, mas isso também deve ser apurado pelas autoridades policiais. O que se objetiva é o esclarecimento de tudo. O que sabemos é que há pessoas se utilizando do cenário para tentar se aproveitar da situação de forma ilícita, indevida. Pessoas que, inclusive, receberam o QR Code, mas estão dizendo que foram vítimas do golpe. Queremos que tudo seja esclarecido e que seja devolvido a quem foi prejudicado", explicou o advogado.