
Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levaram pelo menos 55 corpos à Praça São Lucas, na madrugada desta quarta-feira (29), um dia após a operação policial considerada a mais letal da história do estado.
O governo do Rio havia informado que 60 criminosos foram mortos na megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, além de quatro policiais. No entanto, segundo o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, os corpos levados à praça não estavam incluídos no balanço oficial divulgado inicialmente.
A Polícia Civil vai realizar perícia para confirmar se as novas mortes têm relação direta com a operação. Caso sejam contabilizadas, o número total de vítimas pode ultrapassar 100.
De acordo com relatos, os corpos estavam espalhados em uma área de mata na Serra da Misericórdia, onde houve intenso confronto entre forças de segurança e traficantes. O ativista Raull Santiago, que ajudou a resgatar os corpos, afirmou: “Em 36 anos de favela, nunca vi nada parecido. É algo brutal e violento num nível desconhecido”.
O atendimento às famílias para reconhecimento das vítimas está sendo feito no prédio do Detran, ao lado do Instituto Médico-Legal (IML). Apenas casos ligados à operação serão atendidos no local, enquanto outras necropsias foram transferidas para o IML de Niterói.
Durante a manhã, moradores chegaram a levar seis corpos em uma Kombi até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, em meio ao clima de dor e indignação na comunidade.
