A Polícia Civil de Alagoas começou a ouvir testemunhas do trágico acidente com um ônibus escolar que terminou com 18 pessoas mortas, na Serra da Barriga, em União dos Palmares, na tarde de domingo (26). A primeira pessoa ouvida, na manhã desta terça-feira (26), foi o passageiro Matheus Lopes, que conseguiu descer do veículo cerca de um minuto antes da queda de uma altura de mais de 400 metros.
De acordo com informações, Matheus, que é integrante da Secretaria de Cultura de União dos Palmares, afirmou à polícia que o motorista do ônibus, Luciano de Queiroz Araújo, de 47 anos, não conhecia o trajeto da Serra da Barriga. O condutor está entre os mortos da tragédia.
Ainda no relato, o passageiro disse que Luciano, em determinado trecho do trajeto, teria perguntado "onde ficava o local" e se "estariam perto do destino final".
Sobre o momento do acidente, Matheus contou que o ônibus perdeu a tração durante o trecho final da subida. O motorista desligou o veículo e, nesse momento, o ônibus teria perdido os freios e a direção.
"Ele trouxe a dinâmica dos momentos que antecederam o acidente. Esse sobrevivente cita que o motorista conseguiu transpor a primeira ladeira e, quando estava chegando no topo dela, percebeu que não tinha força para subir, pois, aparentemente, o ônibus estava subindo em segunda marcha. O motorista teria resolvido recuar um pouco, pediu que os veículos que estavam atrás do ônibus, motos e carros, subissem e passassem, para que ele pudesse, em um ponto mais abaixo, engatar a primeira marcha e terminasse o trajeto. Segundo o relato dessa testemunha sobrevivente, o motorista teria desligado o veículo e, com isso, provavelmente teria perdido os freios e o controle da direção", finalizou o depoimento.
"São fatos trazidos por uma testemunha, outras serão ouvidas. Ainda é muito prematuro a gente ter certeza disso. Também vamos confrontar esses relatos com os laudos técnicos e periciais, com relação ao desligamento ou não do veículo", citou o delegado Guilherme Iusten, que está à frente das investigações.
Além dos sobreviventes do trágico acidente, a Polícia Civil ainda deve ouvir o dono do ônibus escolar, a associação da empresa responsável pelo transporte das pessoas, a esposa do motorista e os responsáveis que fizeram vistorias nos veículos nos últimos meses.
Segundo as investigações, Luciano de Queiroz Araújo não era o proprietário do veículo. Ele teria pego o ônibus horas antes de fazer o trajeto da Serra da Barriga.
"A questão da vistoria no veículo, ela é feita por uma empresa privada. Semestralmente, esses ônibus escolares devem passar por essa inspeção veicular. Já foram intimidados e serão ouvidos os dois últimos vistoriadores. Com isso, eles vão trazer para nós os itens que foram verificados. Nós estamos em contato constante com os peritos, é um trabalho multidisciplinar", finalizou.